Solidão Coletiva
Por Clayton de Souza
Eu
me lembro de uma música do Roberto Carlos que eu gostava de cantar quando
criança que dizia: “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder
cantar”. A melodia grudenta com um refrão repetitivo seguia à risca a formula
de sucesso de sempre, mas a ideia de ter “um milhão de amigos” era tão utópica
que não conseguia parar de pensar se alguém poderia um dia realizar tal feito.
Para mim, especialmente tímido e com sérias dificuldades de me relacionar com
outros, essa ideia era particularmente perturbadora.
Pois
bem, o Facebook, por exemplo, não permite que você tenha um milhão de amigos,
mas mesmo o número limite de cinco mil “amigos” imposto pela plataforma, dá a
sensação de que alguma coisa não se encaixa, principalmente quando definimos o
que significa amizade.
“Quem
tem muitos amigos pode chegar à ruína, mas existe amigo mais apegado que um
irmão.”[1]
“O
amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.”[2]
“A
amizade é uma espécie de amor que nunca morre.”[3]
“A
melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.”[4]
A
pergunta de um milhão de dólares é: Quantas pessoas que fazem parte de sua rede
de “amigos” nas redes sociais se encaixam nas descrições acima? Particularmente,
sou adepto e usuário tecnologia digital e de redes sociais. São úteis para mim
e não estou pronto a demonizar “coisas” que em tese não são nem boas nem más,
apenas “coisas”. Porém, inadvertidamente temos sido enredados por uma
estratégia de Satanás para nos enganar com “amizades superficiais e efêmeras” e
consequentemente, enfraquecendo os relacionamentos dentro e fora do “Corpo” e inutilizando-os.
Permita-me enumerar os pontos desta estratégia maligna:
Estamos sendo absorvidos pela
cultura da hiperatividade.
Me
lembro de quando o e-mail chegou Brasil. Trabalhava como office boy em uma
multinacional que por coincidência foi uma das primeiras empresas do Brasil ao
utilizar essa tecnologia de comunicação. Me lembro de ouvir os comentários de
corredor de como essa nova ferramenta iria facilitar o trabalho de todos e
reduziria o tempo para realização das tarefas melhorando assim a nossa vida.
Toda
vez que uma nova tecnologia incorporada a nossa cultura, vem acompanhada da
promessa de que irá facilitar nossa vida e reduzir o tempo de trabalho
proporcionando assim, o aumento do tempo de qualidade para nós mesmos e para
nossa família. Mas desde que se inventou a roda, verificamos na prática que não
é bem assim que as coisas funcionam. O que as novas tecnologias na verdade nos
oferecem é a oportunidade de realizar cada vez mais e mais coisas ao mesmo
tempo. Como destaca Pedro Burgos, ex-editor do Gizmodo Brasil, um dos
principais sites sobre tecnologia e seu uso, “O objetivo de todo aparato
tecnológico é (ou deveria ser) servir como meio para crescermos como pessoas,
não como um fim em si.”[5], mas o uso desinteligente
da ferramenta faz com que ela perca seu propósito original e se volte contra
nós mesmos. Burgos traz como exemplo pratico, sua própria experiência pessoal:
Ao
invés disso, caí no conto da multitarefa, acumulo algumas dezenas de emails por
dia e passo horas lendo coisas inúteis. Em vez de ganhar tempo e profundidade,
fiquei mais atarefado e superficial em mais níveis que gostaria de admitir.[6]
Isso
me faz lembrar que na parábola do semeador (Lucas 8.1-15), quando Jesus
esclarece que “... As (sementes) que caíram entre espinhos são os que ouvem,
mas, ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas
e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem.” (Lucas 8:14). A tecnologia
digital e seus veículos de comunicação não entregam o que prometem, mas pelo
contrário, preenchem todo o nosso tempo com a busca frenética da
autossatisfação a ponto de não sobrar nenhum tempo para Deus ou para o próximo.
Estamos perdendo a identidade
na cultura da hipervisibilidade.
Como
já dizia Foucalt, “A visibilidade é uma armadilha”[7], que quando bem armada e
camuflada, pode laçar os que se consideram mais espertos. É interessante como
muitos abrem mão de algo, que a tão duras penas foi conquistado boa parte dos
grupos humanos (e me refiro ao direito à privacidade), para indiscriminadamente
abrir mão disso revelar os detalhes de seu cotidiano, inclusive sua localização
atual nas maiores redes sociais do planeta. No mínimo isso é estranho e
perturbador. Porém, esse comportamento também tem sua origem conhecida.
No
capítulo 4 de Mateus, Jesus é tentado pelo diabo, e num determinado momento, a
história se desenrola assim: “Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o
na parte mais alta do templo e lhe disse: ‘Se você é o Filho de Deus, jogue-se
daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu
respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma
pedra’".[8]
Qual
a ideia aqui? Satanás leva o Senhor para o lugar de maior transito de pessoas
da cidade e o coloca num lugar onde todos podiam vê-Lo. Ao saltar dali, Jesus
teria diante de si uma imensa plateia de testemunhas que veriam um dos mais
extraordinários milagres dos últimos tempos. Automaticamente, Jesus seria
transformado em uma celebridade e um dos principais propósitos de Sua vinda que
foi sacrificar-se por nós poderia ter sua realização comprometida.
Veja,
assim como Jesus somos tentados a ter nossos “quinze minutos de fama”, e se
possível, um pouco mais. Como aponta Andrew Keen, “... a visibilidade pessoal é
o novo símbolo de status e poder em nossa era digital.”[9] e ao que parece, a maioria
está perseguindo esse status por causa da alta pressão social exercida
principalmente sobre os mais jovens. Em sua tese de mestrado, a pesquisadora da
área de comunicação Ilana C. L. Tavares explica que:
As personalidades são convidadas e, quase de
modo obrigatório, incitadas à exposição. A construção da imagem de si é
orientada mediante o olhar externo, não sendo construída olhando para dentro,
e sim, atendendo ao que é solicitado como demanda sociocultural. Um exemplo
seria a busca por padrões de beleza específicos do corpo magro das mulheres
ou o corpo musculoso e forte para os homens[...]. Tal procura nem sempre
colabora para a manutenção de uma boa saúde, como durante o uso de
suplementos ou substâncias maléficas ao organismo e realização de
procedimentos cirúrgicos sem suporte médico adequado.[10]
Tal
hiperexposição não acontece sem cobrar seu devido preço. Muitos jovens estão se
preparando para a fase adulta absorvendo tal conceito como um valor que com
certeza, trará seus prejuízos, físicos e emocionais. O pior deles é com
certeza, a perda da identidade própria para atender a expectativa de seus
“seguidores” e “amigos”. Keen observa que:
“... a mídia social de hoje na verdade
estilhaça nossas identidades, de modo que sempre existimos fora de nós mesmos,
incapazes de nos concentrar no aqui e agora, aferrados demais à nossa própria
imagem, perpetuamente revelando nossa localização atual, nossa privacidade
sacrificada à tirania utilitária de uma rede coletiva.”[11]
(Keen, 2012 pg.272)
Keen
ainda faz um alerta mais tenebroso, que eu preciso transcrever aqui: “No grande
exibicionismo de nosso mundo da Web 3.0 hipervisível, onde estamos sempre em
exibição pública, sempre nos revelando para a câmera, perdemos a capacidade de
permanecer nós mesmos.”[12]
É
de se esperar que uma geração que só se preocupa em ser vista não esteja
“treinada” para ver. Ao perder a própria identidade, a identidade do outro
também perde o valor e isso aca acarretando em um mal ainda maior como veremos
a seguir:
Como consequência, estamos nos
tornando extremamente “narcisistas”.
Com
certeza você já ouviu menção do “mito de Narciso” em algum lugar, certo? Mas
mesmo assim, vamos relembrar.
A
mitologia grega fala de um homem, filho do deus do rio Cefiso e da ninfa
Liríope que se chamava Narciso. Segundo conta a lenda, o oráculo Tirésias
profetizou que ao crescer se tornaria um homem muito atraente e que se ele
quisesse ter longa vida, jamais deveria contemplar o próprio rosto. Apesar da
beleza exterior, Narciso era muito orgulhosos e arrogante, e contrariando a
orientação do oraculo, olhou para o seu reflexo na água acabando por se
apaixonar por sua própria imagem desprezando o amor da ninfa Eco. Esta,
humilhada e desprezada, lançou uma maldição sobre Narciso que definhou até a
morte admirando a própria imagem nas margens do rio.
O
desejo de ser visto, alimentado principalmente pelas redes sociais acaba por
gerar consequências ainda maiores. Os renomados psicólogos norte-americanos
Jean Twenge e Keith Campbell, chamam esse comportamento de “a epidemia de
narcisismo”[13].
Na verdade, aqueles que não se utilizam das redes sociais de maneira
inteligente, correm o risco de ficarem tão apaixonados por sua própria imagem
que não há espaço para relacionamentos. A pose para a “selfie” em frente ao
espelho reflete a necessidade de cultuar a si mesmo, e todas as pessoas que
fazem parte de nossa rede de amigos virtuais, tem a obrigação de nos elogiar.
O
absurdo em toda essa história, é que a fachada tecnológica amaina o ridículo da
questão, muito bem ilustrada por Josué Barrios:
Você imagina que alguém espalhe fotos dela mesma
pelos muros da avenida mais transitada da cidade, para que as pessoas digam a
ela o quanto ela é atraente, lhe dê “likes”, a aprovem ou simplesmente a vejam?
É isso que fazem as redes sociais. Lembre-se, há uma razão pelo qual os perfis no
Facebook se chamem “murais”.[14]
Isso
me faz lembrar de o quanto o profeta achava ridícula a pratica da idolatria ao
colocar um simples pedaço de madeira talhada no lugar de Deus [15]. O grande problema do
narcisismo gerado pela “cultura da selfie”, segundo a teóloga Angela Natel, é
que essa é uma “... releitura hipermoderna do mito de Narciso, cuja divindade
se encontra em si mesmo, "o homen tornou-se o centro da religião"[16]. Porém, para que essa
autopromoção se torne efetiva, não basta a vida real. É preciso fazer um “upgrade”
na realidade, como explico a seguir:
Somos incentivados a viver uma
vida virtual paralela.
Me
lembro que nos anos 80, eu assistia a um seriado na tv que se chamava “A ilha
da Fantasia”. Se me lembro bem, as pessoas que podiam pagar uma razoável
quantia em dinheiro, podiam naquela ilha experimentar a vida que quisesse, ser
finalmente quem sonhava ser. A questão é que a trama se desenrolava sob o fato
de que essa experiência nunca deixava seus sonhadores sem uma consequência
correspondente ou que a experiência nunca era tão simples como se imaginava.
Assim
como o apaixonado não vê defeitos em seu objeto de paixão e muitas vezes
enxerga virtudes onde não existem, o narcisista das redes sociais realiza um
mundo ideal para o seu ego ideal. A vida real é tão “chata” que ele precisa
criar um ambiente apropriado para o personagem que ele criou. O grande problema,
é que essa “ilha da fantasia” criada nas páginas da rede social acaba se
tornando muitas vezes a vida principal e não apenas uma brincadeira ou hobby,
como observa Keen, “Em vez de vida virtual ou de uma segunda vida, a mídia
social de fato está se tornando a própria vida”[17].
Imagine
então o potencial que essa confusão toda pode causar na cabeça do jovem de
hoje! Tavares oferece um vislumbre da dimensão dessa questão:
“Concepções de realidade física caem por
terra quando importa a dimensão do desejo, nem que para isso seja preciso
atuar no mundo como se vivêssemos em um baile de máscaras de informações.
Isso pode justificar o anseio dos jovens, que compartilham nas redes sociais
situações, lugares visitados, pessoas com quem estavam, fotografias de
alimentos e roupas consumidas, publicizando para inferir que as vivências
realmente aconteceram.”[18]
(Tavares, 2015 pg.46)
Os
pesquisadores Corrêa e Kodato, oferecem em sua tese um exemplo prático de a que
ponto isso pode chegar. Eles descobriram em sua pesquisa que é comum entre os
adolescentes ter dois perfis no facebook. Um real, também chamado de “off” e
outro “fake”, também chamado de “on”. Perceba a inversão! O perfil verdadeiro é
o “off” (desligado) e o falso é o “on” (ligado). Em um dos depoimentos,
percebemos como isso acontece:
“Através de seu perfil fake, Karina pareceu ter
a oportunidade de se projetar na vida que desejava ter; chamava-se Pietra,
tinha 19 anos, fazia faculdade de Arquitetura, morava no Rio de Janeiro,
namorava um jovem interessante de um perfil também fake, viajava pelo mundo e
postava fotos de suas viagens, conversava com pessoas que viviam nos mais
variados lugares e etc. Ela acrescentou que aprendia muito enquanto inventava
suas viagens, escolhia sua profissão e definia as características de sua
personagem, pois toda esta montagem exigia muita pesquisa, exigindo grande
envolvimento de seus participantes: “parece vida real mesmo, a pessoa tem que
ter criatividade” (Karina)”.[19]
Se
minha vida principal é “fake” e acontece no ambiente virtual, como esperar o
desenvolvimento sadio de amizadas verdadeiras, profundas e genuínas?
O uso desinteligente está nos
viciando
A
ciência vem aperfeiçoando o conhecimento sobre os vícios, sejam eles em drogas
ou em outros comportamentos viciosos. Uma das constatações é que no viciado, o
cérebro libera um neurotransmissor ligado à sensação de prazer chamado de
“dopamina” toda vez que ele consome a droga. O cérebro então associa o uso
daquele entorpecente com a liberação da dopamina e “exige” mais. É isso o que acaba
por nos tornar viciados. O interessante, é que o mesmo fenômeno fisiológico
acontece com o viciado em jogo, que perde tudo o que tem, enquanto procura
repetir a sensação de prazer que sentiu naquela única vez que ganhou e também,
creiam, com aquele que fica atentamente esperando, muitas vezes sob muita
ansiedade, que aquela sua foto ou post receba curtidas e compartilhamentos. Os
pesquisadores Correa e Kodato citam os estudos de Young e Greenfild sobre o
assunto:
“Estes autores afirmaram encontrar em seus
estudos casos de usuários “pesados” da Internet que os levaram a concluir que
o seu uso intenso poderia causar dependência psíquica semelhante a encontrada
em usuários de drogas psicoativas, podendo- se, em alguns casos, observar-se
até mesmo crises de abstinência.”[20]
A
curtida ou o compartilhamento provocam prazer; o cérebro exige mais dopamina, a
nova curtida dá a recompensa que leva ao cérebro exigir novamente. Esse círculo
vicioso leva à necessidade de postar cada vez mais, mesmo que não tenhamos
sempre um assunto ou foto interessante para compartilhar. E quando isso
acontece, vale também inventar, ofender alguém ou revelar um segredo seu ou
alheio. Até parece que ao postar, curtir e compartilhar estamos nos
relacionando com alguém, mas pode ser que estejamos apenas alimentando o nosso
vício e como todo viciado, só admitimos isso quando a coisa realmente está
feia.
O uso desinteligente está nos
adoecendo
Outro
fator ligado à nossa saúde é a neuroplasticidade. Burgos explica que “...
qualquer tecnologia que modifique mais profundamente nossa forma de interagir
com o mundo e seja incorporada ao nosso cotidiano, deve ter impacto no nosso
cérebro e, por conseguinte, na nossa forma de pensar.”[21] Burgos ainda chama a
atenção para o fato de que essa patologia já tem inclusive nome e é conhecida
como iDisorder:
“O PhD em Psicologia americano Larry D. Rosen,
que estuda a relação das pessoas com a tecnologia há 25 anos, batizou de
iDisorder o que ele considera uma doença do nosso tempo. A tese do dr. Rosen é
que a iDisorder seria consequência do uso excessivo das tecnologias conectadas,
que pode potencializar transtornos psíquicos que todo mundo tem em maior ou
menor grau, como os do Eixo I, os chamados transtornos de humor (depressão,
déficit de atenção e hiperatividade, esquizofrenia) e do Eixo II, ou distúrbios
de personalidade (transtorno de personalidade antissocial, narcisista,
obsessivo-compulsiva). O psicólogo explica como os narcisistas, obcecados por
causar sempre uma boa impressão, entram em um círculo vicioso nas redes
sociais. “Narcisistas são conhecidos por terem relações superficiais com as
pessoas, particularmente focadas nos ‘amigos-troféu’, que podem fazer com que
eles pareçam mais populares do que realmente são e aumentem a sua popularidade
e prestígio.”[22]
“Outro exemplo: os sintomas do que é conhecido
em psiquiatria como transtorno de personalidade esquizoide, ou a “falta de
interesse nas relações sociais, a tendência ao isolamento e à introspecção, a
frieza emocional, e, simultaneamente, uma rica e elaborada atividade imaginária
interior”, estão diretamente associados, em pessoas “normais”, ao uso
prolongado de tecnologias conectadas.”[23]
Diante
disso, é natural supor que alguém com disturbios psiquiátricos encontre dificuldades
para se relacionar com outras pessoas.
E como consequência a tudo
isso, estamos nos isolando cada vez mais
Somando-se
todas essas manifestações deste plano maligno de Satanás contra a unidade,
percebemos que essa “vida virtual” tem produzidos o que eu chamo de Solidão
Coletiva, ou seja, pessoas que possuem uma extensa rede de relacionamentos, mas
que na verdade, se sentem profundamente solitárias e vivem como tal. Isso
parece ser conflitante, mas como explica Arruda, “Weiss (1973) citado por
Barbosa (2012, p16) afirmou que a solidão pode ser sentida mesmo quando não se
está só: é causada não por se estar só, mas por se estar sem alguma relação
precisa de que se sente a necessidade ou conjunto de relações.".[24]
O
uso exagerado das redes sociais pode indicar que essas pessoas, na realidade,
tem uma grande carência de relacionamentos reais. Quando finalmente a vida
virtual se torna a vida principal, relacionamentos “reais” deixam de ser
importantes e necessários. Keen mais uma vez nos deixa preocupados com a
perspectiva futura que esses comportamentos apontam:
“A verdade inconveniente é que a mídia social,
a despeito de todas as suas promessas comunitárias, nos divide, em vez de nos
aproximar; ela cria o que Walter Kirn descreve como uma “sociedade
fragmentária”. Em nossa era digital, ironicamente, nos tornamos mais divididos
que unidos, mais desiguais que iguais, mais ansiosos que felizes, mais
solitários que socialmente conectados. Uma pesquisa feita em novembro de 2009
pela Pew Research sobre “Isolamento social e nova tecnologia”, por exemplo,
revelou que membros de redes como Facebook, Twitter, MySpace e LinkedIn têm 26%
menos chances de passar tempo com seus vizinhos”[25]
Quando
isso finalmente acontece, o diabo alcançou o seu objetivo. Não precisamos olhar
nos olhos de ninguém, apenas para a tela do nosso smartphone; não precisamos
conversar com ninguém pessoalmente e por isso evitamos o risco de sermos
espontâneos e falarmos alguma besteira ou revelar nossos sentimentos
verdadeiros. Podemos agora apenas digitar o texto ou mesmo gravar um áudio
depois de planejar bem o que dizer. Não precisamos mais nos tornar íntimos de
ninguém mantendo assim uma distancia segura em que podemos evitar de se
comprometer com a vida do outro. Natel conclui que “... mesmo habitando em meio
a uma multidão de pessoas, o jovem vem sofrendo a solidão, a dispersão e o
isolamento em um espaço privado, devido ao seu relacionamento apenas virtual
com outras pessoas.”[26]
A hora da virada
Nossa
expectativa, porém, é que com a ajuda do Senhor, podemos reverter o quadro,
desde que observemos duas atitudes:
Identifique
aonde você se encontre nesta história, ou seja, entenda se a tecnologia digital
e as redes sociais tem sido uma bênção para você ou se tem ido ferramenta de
Satanás para te afastar do relacionamento com Deus e com outras pessoas. Pedro
Burgos sugere algumas perguntas que podem nos ajudar nessa identificação:
O
seu aparato tecnológico está aprofundando laços com os seus amigos?
Por
ser mais eficiente, você se sente com mais tempo para fazer mais coisas
diferentes com outras pessoas (pessoalmente)?
A
tecnologia o está ajudando a achar o tão necessário equilíbrio entre a vida
pessoal e profissional (ou acadêmica)?
As
suas explorações no mundo da web o ajudam a entender melhor o que está à sua
volta?
A
maneira que você escolhe para se manter informado lhe permite tomar melhores
decisões?
Você
usa a tecnologia para melhorar a sua saúde?
É
preciso responder este e-mail, esta mensagem de texto agora, rapidamente, ou é
possível deixar para depois, de maneira mais elaborada?[27]
Se
posicione com determinação no sentido de fazer o “jogo virar”. Uma busca pela
vontade de Deus e de viver de acordo com ela é determinante para que o diabo
seja derrotado nessa área. Kleyn nos ensina que:
“... esse chamado é a ordem ao povo de Deus
para viver antiteticamente, para viver uma vida de separação espiritual do
mundo. Isso é realmente toda a vida cristã. É uma vida de separação espiritual
e contraste espiritual. É uma vida em que não podemos ser amigos do mundo. É
uma vida onde somos peregrinos e forasteiros nesta terra."[28]
(Kleyn, 2013 pg.13)
Não
podemos aceitar passivamente a tecnologia digital assumir o lugar de Deus em
nossas vidas. Precisamos travar essa batalha que é travada na mente, no corpo
mas que também é espiritual. É preciso lutar, vivendo uma vida de contracultura
cristã que exige, muitas vezes, uma atitude radical.
O
Salmo 101:3 e 4 pode nos servir de parâmetro para o nosso comportamento:
“Repudiarei todo o mal. Odeio a conduta dos infiéis; jamais me dominará! Longe
estou dos perversos de coração; não quero envolver-me com o mal.”
Clayton de Souza.
Clayton de Souza.
[1] Provérbios
18:24
[2] Provérbios
17:17
[3] QUINTANA,
Mário. Porta Giratória. Editôra Globo. Página 252.
[4] The
Collected Works of Abraham Lincoln, Volume II. Página 57.
[5] Burgos,
Pedro Conecte-se ao que importa : um manual para a vida digital saudável. São Paulo:
LeYa, 2014. Kinde position 55.
[6]
Idem, 77.
[7] FOUCAULT,
Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Editora Vozes, 1987;
[8] Mateus
4:5,6
[9] Keen,
Andrew. Vertigem Digital - Por Que As Redes Sociais Estão Nos Dividindo,
Diminuindo e Desorientando. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Kindle position 243.
[10]
Tavares, Ilana Camurça Landim. A construção das imagens de si por adolescentes
em redes sociais. 2015. Pg. 71
[11] Keen,
Andrew. Vertigem Digital - Por Que As Redes Sociais Estão Nos Dividindo, Diminuindo
e Desorientando. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Kindle position 272.
[12]
Idem, 3334
[13] Jean
Twenger e W. Keith Campbell, The Narcissism Epidemic: Living in the Age of
Entitlement, Free Press, 2009.
[14]
Cristiano Generación Facebook: Un llamado a usar las redes sociales para la
gloria de Dios. Kindle position, 131.
[15]
Isaias 44. 13-19
[16]
Natel, Angela. A fonte da Juventude: em bsca de um perfil sociorreligioso das
juventudes universitárias. Curitiba: Prismas, 216. Pg. 169
[17] Keen,
Andrew. Vertigem Digital - Por Que As Redes Sociais Estão Nos Dividindo,
Diminuindo e Desorientando. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Kindle position 51.
[18]
Tavares, Ilana Camurça Landim. A construção das imagens de si por adolescentes
em redes sociais. 2015. Pg. 46.
[19]
Corrêa, Fabiano Simões. Kodato, Sérgio. As redes sociais e a discussão sobre
dependência afetiva nas relações virtuais. Revista “Perspectivas em
Psicologia”. Vol 18, nº 2. Jul/Dez 2014. Pg. 96.
[20]
Idem, 89
[21] Burgos,
Pedro Conecte-se ao que importa : um manual para a vida digital saudável. São
Paulo: LeYa, 2014. Kinde position 251.
[22]
Idem, 794
[23]
Idem, 805
[24]
Arruda, Felipe Ricardo Pereira Vasconcelos de. Correlação entre o uso do
Facebook e os níveis de solidão. 2014. Pg. 6.
[25] [25]
Keen, Andrew. Vertigem Digital - Por Que As Redes Sociais Estão Nos Dividindo,
Diminuindo e Desorientando. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Kindle position 1232
[26]
Natel, Angela. A fonte da Juventude: em bsca de um perfil sociorreligioso das
juventudes universitárias. Curitiba: Prismas, 216. Pg. 169.
[27] Burgos,
Pedro Conecte-se ao que importa : um manual para a vida digital saudável. São
Paulo: LeYa, 2014. Kinde position 805.
[28]
Kleyn, Daniel. Vivendo
Antiteticamente em uma Era Tecnológica in
Antítese. disponível em: www.PRCA.org, 2013. Pg. 13.
Muito bom!!!
ResponderExcluirBoa palavras pastor, essa será a inauguradora dos post na ferramenta do ministério de música.
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